Não adianta olhar pro céu, com muita fé e pouca luta. Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode, você deve, pode crer. Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver. Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer. Até quando você vai ficar usando rédea? Rindo da própria tragédia? Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média). Até quando você vai levar cascudo mudo? Muda, muda essa postura. Até quando você vai ficando mudo? Muda que o medo é um modo de fazer censura.
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente, seu filho sem escola, seu velho tá sem dente. Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante, você tá sem emprego e a sua filha tá gestante. Você se faz de surdo, não vê que é absurdo, você que é inocente foi preso em flagrante! É tudo flagrante! É tudo flagrante!
A polícia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante. A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigário! A polícia só existe pra manter você na lei, lei do silêncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco. A programação existe pra manter você na frente, na frente da TV, que é pra te entreter, que é pra você não ver que o programado é você. Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar. O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar. E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar. Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá. Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar. Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar. Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar? Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar. Escola, esmola! Favela, cadeia! Sem terra, enterra! Sem renda, se renda! Não! Não!!
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda a gente anda pra frente. E quando a gente manda ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura. Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro! Até quando você vai ficar levando porrada, até quando vai ficar sem fazer nada? Até quando você vai ficar de saco de pancada? Até quando você vai levando?
sexta-feira, 30 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Você me olha com esse seu olhar de pena e compreensão e se faz meu chão sem nem perceber.
E eu penetro no seu mais doce, nos seus cantos mais úmidos, na sua dor mais secreta.
E de repente me sei e te sei, doloridos no chão do quarto, vivendo um pouco da vida que a gente deixa de viver. A vitrola num canto, Cartola, quem sabe. Ou um tango argentino. Coisa incompreensível. E nos damos as mãos de longe. E fechamos os olhos enquanto o resto do mundo se mata do outro lado da janela. E daí o choro vem, e choramos um choro surdo e cego, que nada quer ouvir e nem enxergar – essa realidade forçada e todo esse monte de palavras feias.
E abrimos os olhos e nos olhamos, sorrindo. Sim, sorrindo. E daí rimos muito, da nossa imbecilidade bonita de sentir sempre tudo tão doloridamente grande, da nossa pressa em se encontrar, da réstia sob a porta. Eu-você e essa pele em flor que nunca passa.
E eu penetro no seu mais doce, nos seus cantos mais úmidos, na sua dor mais secreta.
E de repente me sei e te sei, doloridos no chão do quarto, vivendo um pouco da vida que a gente deixa de viver. A vitrola num canto, Cartola, quem sabe. Ou um tango argentino. Coisa incompreensível. E nos damos as mãos de longe. E fechamos os olhos enquanto o resto do mundo se mata do outro lado da janela. E daí o choro vem, e choramos um choro surdo e cego, que nada quer ouvir e nem enxergar – essa realidade forçada e todo esse monte de palavras feias.
E abrimos os olhos e nos olhamos, sorrindo. Sim, sorrindo. E daí rimos muito, da nossa imbecilidade bonita de sentir sempre tudo tão doloridamente grande, da nossa pressa em se encontrar, da réstia sob a porta. Eu-você e essa pele em flor que nunca passa.
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